Ícone do site Sondery – Acessibilidade Criativa

5 coisas que viraram a minha chavinha da acessibilidade

Montagem com uma cena do filme O Mágico de Oz. Doroty está com seu vestido azul e sapatinhos vermelhos na estrada de tijolinhos de ouro que tem uma faixa com piso tátil. Do lado esquerdo há um jardim com um letreiro que diz "O futuro é acessível" em letras escuras sobre um fundo azul claro e, embaixo, o logo da Sondery com elementos circulares em azul claro, azul escuro e rosa.


Quando falamos sobre “acessibilidade” normalmente se presume que é sobre lugares com chão tátil, acesso para cadeira de rodas e pronto, né? Mas a acessibilidade vai muito além de “adaptar” um espaço, ela começa quando o intuito inicial de um planejamento é que aquilo seja acessível a todos, independente de corpos, deficiência e orientação. O produto é acessível? O serviço é acessível? A comunicação é acessível? Alguém durante o processo de ideação pensou “Todos vão poder utilizar/usufruir disso?”

Como uma pessoa recém chegada ao mundo da acessibilidade, falarei um pouco sobre as coisas que me fizeram “virar a chavinha” em relação ao assunto e os pensamentos que foram provocados em mim.

Aplicativos

A gente sabe que o aparelho celular hoje em dia oferece ferramentas de acessibilidade, mas os aplicativos que usamos são acessíveis? Nunca cheguei a pensar sobre o assunto até trabalhar com isso. Como a pessoa com baixa visão ou uma pessoa cega utiliza um serviço pelo celular? Ela tem acesso a tudo o que está sendo transmitido pela tela? A navegação pelo app é intuitiva? Se for um app de consumo, a pessoa consegue adquirir o item sem o suporte de uma pessoa vidente?

Sites

A maior parte das nossas vidas hoje em dia é regida pela internet, seja no celular ou no computador. O nosso dia a dia está intrinsecamente ligado à uma tela. Independente da maneira que usamos esse tempo, nós não paramos para pensar se aquele site pode ser utilizado por todo mundo que tenha acesso a um computador. Para quem a experiência do usuário é pensada? Uma navegação considerando todos que possam acessar aquele site não é melhor do que uma navegação considerando somente pessoas que não tenham nenhuma deficiência?

Espaços públicos

Quantas vezes você já tropeçou na rua pois a calçada está em más condições? Quantas vezes você já teve que se espremer de um lado da rua, porque a via de pedestres é muito estreita? Isso é só uma amostra mínima de como os espaços públicos não são pensados considerando a população. Mas estamos falando de pessoas que não possuem nenhuma deficiência. Quais lugares realmente garantem o mesmo acesso para todos os corpos, independente de suas deficiências? Quantas pessoas já deixaram de sair de casa para fazer algo simples porque a cidade não é construída considerando a necessidade de diversas parcelas da sociedade?

Espaços privados

Uma coisa que sempre notei em relação à acessibilidade é a altura de tudo. Das mesas, das cadeiras, sofás, prateleiras. Sendo considerada uma pessoa de baixa estatura, tenho que ficar na ponta dos pés para fazer muitas coisas fora de casa, mas era ali que a minha preocupação com acessibilidade acabava. Recentemente fui na casa de uma amiga, e a construção possui muitas passagens estreitas, desníveis, escadas em formato de caracol… Não obstante é um espaço que não é acessível para pessoas com deficiência, não é um espaço acessível para muitas pessoas. Isso deixou bem destacado para mim que se o mundo fosse pensado considerando todos, não teríamos milhares de pessoas privadas de sua autonomia e independência pelo simples fato de terem uma característica que não é considerada “comum” por muita gente.

Você e o seu trabalho

Como você conversa com as pessoas? A nossa comunicação é extremamente restritiva, pois nos apoiamos na ideia de que todos irão receber as informações que estamos passando, mesmo sem estarmos comunicando tudo o que é necessário. Muitas vezes fazemos isso porque não temos pessoas com deficiência em nosso círculo social… “Pessoas com deficiência não frequentam os mesmos lugares que eu.”. Considerando que 25% da população brasileira possui alguma deficiência, não deveríamos ter pelo menos 25% dessas pessoas ocupando bares, restaurantes, espaços públicos, espaços privados e o ambiente de trabalho?

Será que não podemos influenciar o nosso ambiente profissional e social a ser mais inclusivo? Desde apontar que um espaço no escritório é muito estreito e não poderia receber um cliente cadeirante, até lembrar que as piadinhas capacitistas, homofóbicas e misóginas envelheceram extremamente mal? Acessibilidade é quando todo mundo pode frequentar o mesmo espaço independente de suas características físicas, Acessibilidade é quanto todo mundo tem a sua voz ouvida.

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