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SonderyCast 04: argumentos para vender projetos de acessibilidade

Imagem horizontal com o texto "04: Argumentos para vender projetos de acessibilidade" em um círculo branco. Do lado direito, padrões circulares em rosa, azul claro e azul escuro.
Imagem horizontal com o texto "04: Argumentos para vender projetos de acessibilidade" em um círculo branco. Do lado direito, padrões circulares em rosa, azul claro e azul escuro.


Neste episódio do SonderyCast, o podcast da Sondery, Ana Clara Schneider e Rafael Duarte discutem argumentos de convencimento para inserir a acessibilidade nos projetos dentro da sua empresa, da sua marca ou para os seus clientes. Este áudio é um trecho de uma aula da Jornada de Acessibilidade da Sondery.

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INTRODUÇÃO

Está começando mais um SonderyCast, o Podcast da Sondery. No último episódio a Ana Clara Schneider, fundadora da Sondery, mostrou com base em dados, estudos e pesquisas quem é o consumidor com deficiência, o poder de compra das pessoas com deficiência e porque devemos sempre considerá-las como nosso público alvo. 

E agora, vamos ouvir ao áudio de uma Live que é a continuação deste assunto. Uma Live que eu, Rafael Duarte, diretor de conteúdo da Sondery, e a Ana Clara fizemos contando sobre a importancia destes dados na hora de defender o investimento em acessibilidade dentro da sua empresa ou para clientes. E se você é uma pessoa que já entendeu os benefícios de investir em acessibilidade em sua agência, empresa ou marca, então vamos mostrar alguns argumentos de convencimento para você conseguir pouco a pouco emplacar projetos acessíveis dentro da sua empresa ou para seus clientes.

SONDERYCAST

[Ana] Olá pessoal, eu sou a Ana Clara, da Sondery.

[Rafael] E eu sou o Rafael Duarte, também da Sondery.

[Ana] E hoje a gente vai falar sobre como vender projetos de acessibilidade dentro da sua empresa, dentro da sua agência. Como convencer o seu chefe que é importante investir em acessibilidade. Então hoje vai ser uma aula bem prática com bastante troca, bastante informação. E principalmente argumentações.Pra gente poder treinar um pouco essa esse convencimento das pessoas com relação a inserir acessibilidade dentro de cada projeto. Seja ele de uma empresa, seja de um prestador de serviço, que inclusive também pode ser de acessibilidade. 

A gente sabe que é difícil, né, quando a gente precisa explicar um serviço de acessibilidade. Seja uma interpretação de Libras,uma legenda, uma audiodescrição é muito importante  que a gente tenha sempre argumentos diferentes, inclusive, para convencer em cada caso.  

E também se você for de uma agência de comunicação ou até mesmo cliente atendido por uma agência, né Rafa? 

[Rafa] Exatamente. Eu acho que é importante a gente primeiro partir do ponto: o que é vender um projeto de acessibilidade? O que é vender um projeto? Esse “vender um projeto de acessibilidade” pode ter diferentes significados. Dependendo de que área você atua, de qual é a sua  posição na empresa, de que empresa você faz parte… e tudo mais.

Por exemplo: dentro de uma empresa em que você trabalha com alguns projetos e você quer que esses projetos fiquem acessíveis, vender a acessibilidade significa convencer o seu chefe, o seu gestor, pessoas dentro da própria empresa em que você já trabalha, a deixarem os projetos, os trabalhos que você faz, os serviços, os produtos da sua empresa, acessíveis.

Então esse é um dos pontos. O outro ponto por exemplo se você trabalha numa agência, uma agência de publicidade, de Marketing, de assessoria de imprensa, e então você tem os seus clientes, e você precisa convencer pessoas que já são seus clientes, a adotarem a acessibilidade nesses trabalhos que você já faz para eles.

E o terceiro são, como a Ana disse, os seus prestadores de serviço, inclusive prestadores de serviços de acessibilidade. Porque não é simples, a acessibilidade é um tema complicado de se vender, por assim dizer, porque falta bastante informação, né? Do que é acessibilidade, de como ela precisa ser feita, de por que ela precisa ser feita. E também que benefícios ela vai trazer. 

Que benefícios ela vai levar para o seu cliente, da sua agência?

Que benefícios você, como prestador de serviços de acessibilidade, vai levar para o seu cliente? 

Seja um pequeno negócio, um produtor de conteúdo independente…

E dentro da sua empresa, de repente, você colocar acessibilidade nos projetos que você participa.  

Dentro da sua empresa, que benefícios vai ter?

Então você entendendo esses benefícios e sabendo passar essa informação para o seu gestor, pro seu cliente, eu acho que é o primeiro ponto é um dos pontos mais importantes para você conseguir convencer a pessoa que você precisa convencer, obviamente, a investir na acessibilidade.

Porque é um investimento, e como todo investimento ela tem um retorno. Seja um retorno de imagem, que também é muito importante, seja um retorno financeiro, porque é uma estratégia de negócio investir em acessibilidade, seja um retorno social, né? Também existe, as empresas também têm um compromisso com a sociedade, um compromisso com a comunidade a qual pertencem.

Então a acessibilidade envolve todos esses retornos, né? O que é muito legal. Não é isso, Ana?  

[Ana] Exatamente. Eu acho que esse é o primeiro passo sempre a primeira chavinha que a gente tem que mudar e tentar explicar e convencer com todos nesses argumentos que o primeiro passo é realmente entender a acessibilidade como um investimento, né?  

E aí principalmente do ponto de vista de um gestor ou de um dono de uma empresa, dono de um serviço,  e aí eu falo até mesmo também como uma empreendedora, é muito importante, toda vez que a gente investe para aprimorar o nosso produto ou o nosso serviço, é uma coisa positiva. Você tá fazendo com que ele seja melhor, ou mais rápido, ou mais leve, ou mais agradável, né?

Você sempre investe tempo, energia, pessoas e dinheiro para fazer com que o seu produto tenha um resultado, uma performance, um formato, melhor para todas as pessoas.

Lembrando que esse foi um assunto que a gente falou na primeira aula, os recursos pensados de acessibilidade podem beneficiar não somente as pessoas com deficiência mas também pessoas com deficiência. Muitas vezes soluções ou implementações pensadas para acessibilidade podem beneficiar pessoas com e sem deficiência, né? 

Quando você vai desenvolver um site, por exemplo, é uma semântica correta, né, respeitar a ordem de cabeçalhos, ter um código limpo, vai fazer  com que experiência, e pensar nessa experiência do usuário de uma forma é cada vez mais estruturada e agradável pra que um leitores de tela possa passar por todo o conteúdo de uma forma correta e agradável  muito provavelmente vai fazer com que toda a experiência do site seja muito melhor também para  todos os outros visitantes.

Então virar essa chavinha de que acessibilidade é um investimento e não olhar somente como um custo, como algo que eu vou ter que desembolsar como se eu não fosse ter isso de volta, como se eu não fosse ter esse retorno, como o Rafa falou, um retorno financeiro, um retorno de imagem, um retorno de reputação e também o retorno de qualidade de produto.

Porque a partir do momento que o seu produto é mais acessível e mais inclusivo ele também vai poder chegar em mais pessoas e aí você vai ter um potencial público consumidor ainda maior.

[Rafa] E aí, a primeira coisa que você precisa fazer, para aumentar a sua argumentação, aumentar seu poder de convencimento na hora de vender um um projeto de acessibilidade é buscar informação. 

Parece meme, mas não!

É muito importante que você de fato entenda quem são as pessoas com deficiência, qual o impacto das pessoas com deficiência na economia.. Dentro do seu público, você tem que entender também que dentro do seu público não importa a área que você atue, não importa o produto, o serviço, não importa… não importa!  Sempre vai haver pessoas com deficiência dentro do seu público-alvo!

E se você está fazendo um produto que não atende pessoas com deficiência, e se você além disso está fazendo uma comunicação que não comunica com as pessoas com deficiência por falta de acessibilidade, por falta dos recursos necessários, você está deixando de alcançar parte do seu público-alvo.

Então esse é um argumento muito bom inclusive para agências, né? De que com a acessibilidade você vai passar a atingir mais pessoas com as suas publicações. Se a gente pensar que hoje temos, no Brasil a gente tem 24%, quase 24% da população brasileira tem alguma deficiência. na e não é uma. E não é uma questão só de que por elas terem alguma deficiência elas precisam de algum recurso… Nem sempre é isso.

Mas por elas terem alguma deficiência, elas também tem uma identificação maior com empresas que investem nessa causa. Então hoje em dia a gente sabe que as causas têm um peso  muito grande na escolha da marca, na escolha da marca que eu vou consumir, é um consumo muito mais consciente. Muito mais guiado por causas, por valores, né? Por propósitos…

Então investir em acessibilidade também traz isso, não são só os recursos às vezes é uma pessoa que não precisa de um recurso, por exemplo de Libras, intérprete de Libras na sua propaganda no seu vídeo institucional, e a pessoa que não precisa, mas olha, de repente é um cadeirante, ouvinte, ele vai olhar e falar “Poxa, que legal, cara, esse vídeo tem recursos de acessibilidade”.  

Então esse tipo de coisa é muito legal e como a Ana disse, a gente viu que são muitas pessoas e não são pessoas sozinhas, né? Elas estão sempre acompanhadas de amigos, de familiares, de relacionamentos, né? Então são pessoas que vão comprar e vão influenciar também. Então é bastante importante a gente considerar isso: que é um público muito grande, está sempre contido no seu público-alvo e que ao investir em acessibilidade na comunicação, no seu produto, você vai alcançar não apenas um nicho, né, da deficiência de um recurso que você colocar, mas provavelmente toda a toda a população com deficiência e também as pessoas sem deficiência que vão apoiar essa causa e vão achar legal e vão consumir, fazer um consumo consciente da sua marca.

[Ana] Exatamente. A repercussão, né? O desdobramento que pode ter o investimento inserir um recurso de acessibilidade ou promover uma experiência mais acessível e mais inclusiva ele não termina nele mesmo. A partir do momento que você fez um investimento mas os resultados diretos acontecem e os resultados indiretos são ainda maiores, são esses que a gente tem falado, pode ser um impacto pensando em consumo consciente,  uma questão de reputação. 

E aí vale lembrar que uma experiência positiva, se ela é divulgada, e ela é comunicada, se ela é espalhada entre as pessoas com deficiência e qualquer consumidor que tem uma experiência positiva vai passar isso pra frente, mas a experiência negativa também. Tem um dado um muito interessante do nosso ebook “Por que as pessoas cegas não compram no seu e-commerce” que mostrava que o motivo mais frequente para o grupo de pessoas cegas que não fazia uma compra online, o motivo mais comum era ouvir um relato ruim de uma outra pessoa cega que não conseguiu efetuar uma compra.

Então pensem a potência disso.Uma pessoa teve uma experiência ruim e isso, essa mensagem, essa repercussão pode impactar a não, a nem tentativa de muitas e muitas e muitas outras. Ao passo que uma experiência positiva pra uma pessoa com deficiência isso também afetar positivamente na decisão de outras pessoas com a mesma deficiência, ou enfim, que façam parte do movimento. 

Então acho que essa questão é  muito a gente pensar na parte da reputação, e também claro da própria experiência da marca, né? O quanto as pessoas vão associar a essa marca, a essa empresa ou essa agência a esse tipo de iniciativa e a esse tipo de implementação. 

E aí eu acho que vale dizer que tem uma coisa complementando o que o Rafa disse de buscar conhecimento é muito importante e de novo vou aqui agradecer a opção, a escolha de todos vocês, de estarem aprendendo aqui junto com a gente.

A gente defende muito, acredita muito na importância de conhecer os processos, como o recurso de acessibilidade são produzidos, de envolver pessoas com deficiências no processo de desenvolvimento de um projeto, de um produto ou de uma campanha, envolver os profissionais corretos ter uma curadoria de pessoas para participar desse tipo de iniciativa, seja dentro da sua empresa. Então se você quer começar a levantar essa bandeira, se você quer começar a levantar esse assunto dentro de uma empresa que você trabalha e ainda ninguém fala sobre isso, uma palestra pode ser um primeiro passo, é o começo da conscientização além por exemplo dessa série de vídeos, né?

Mas então, ter um conteúdo diferente, começar a falar sobre esse assunto, pra daí você também poder envolver pessoas com deficiência dentro dessa conversa. Se for uma empresa grande, que talvez já tenha até algum núcleo e diversidade, já tenha colaboradores com deficiência, se for uma empresa bem grande inclusive deve ter por conta da lei de cotas, mais uma oportunidade até inclusive para você se aproximar, de repente, né?

Trocar percepções entre os times, pra principalmente ter um processo legítimo, envolver pessoas com deficiências dentro desse processo reflete muito um posicionamento inclusive muito forte aqui na Sondery, que é um posicionamento do Movimento dos direitos da pessoa com deficiência que tem o lema “nada sobre nós sem nós” que é basicamente envolver pessoas com deficiência nessas tomadas de decisões e nesse desenvolvimento  pra que de fato traga essa legitimidade essa chancela, mas claro, quando vocês forem trabalhar com assuntos específicos tenham profissionais com deficiência que tem um conhecimento no assunto em questão do seu projeto. 

[Rafa] É a questão do diálogo, né? Ao buscar o conhecimento, a gente não quer dizer para você buscar o conhecimento ficar com ele para você, né? Porque você não vai conseguir grandes progressos na acessibilidade sendo, por exemplo, “o guardião da acessibilidade”  dentro da sua empresa, por exemplo, a pessoa que sabe tudo sobre acessibilidade e tudo que as pessoas precisarem fazer elas vão buscar você, mas na verdade a melhor…

Então o diálogo é a coisa mais importante. Busque informação e compartilhe na empresa.  

Por exemplo seu chefe “ah, ele não acredita em acessibilidade, ele acha uma besteira, ele acha que não precisa fazer”. A partir do momento que você buscar informação e você descobrir de 24% da população tem alguma deficiência o poder de compra das pessoas com deficiência, que já mostramos, todas essas coisas que você vai levantando e vai te indignando, né? Que você fica indignado, você tem que passar para frente também. Você tem que mostrar pra outra pessoa também: “nossa, porque que a gente não está fazendo acessibilidade se dentro nosso público tem pessoas com deficiência”?

Aí vocês mostra pro seu chefe. Até que chega a um ponto que a coisa  vai acontecer de forma mais natural, né? Porque você já passou todas as informações para eles né e a argumentação vai ser muito mais simples. Você vai falar “pô, lembra daquelas pessoas com deficiência?” 24% da população, pô, vamos aumentar o nosso alcance. Você não quer aumentar o alcance? Vamos considerar elas na próxima comunicação? Colocar uma janela de Libras, colocar audiodescrição,  vamos testar, né? Uma coisa que que publicitários e marketing, todo mundo gosta bastante é fazer A/B.

Então por que não testa? 

Uma propaganda com acessibilidade e outra sem.

Não! Coloca as duas com!

[Ana] Exatamente. E eu sei, você que está assistindo e que está de repente nesse processo de convencer seus pares, ou convencer seu gestor, seu chefe… eu sei que às vezes pode levar mais tempo do que a gente gostaria. A gente quer ver uma mudança muito rápida, só que esse processo de argumentação, de convencimento como ele é muito subjetivo, porque a primeira barreira é a atitudinal, então a gente tem que sempre que ir trabalhando essa comunicação, esse diálogo mostrar todos esses segmentos, os pontos positivos de se investir em acessibilidade, os pontos negativos de não se investir em acessibilidade. O quanto você perde ou não em não investir nisso.

E eu sei que às vezes pode parecer difícil, parece que demora muito mas não desistam.

Porque é um processo que quando a gente começa a ter os resultados, quando começa a ter o retorno, é muito inspirador, é muito motivador, e isso certamente vai se refletir em todas as equipes. 

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