Se essa empresa, se essa empresa fosse minha…
Ela seria assim:
Todo esse meu interesse no assunto de acessibilidade de nada adiantaria se ele ficasse parado dentro de mim ou se estivesse limitado ao meu conhecimento sem nenhuma atitude sobre ele. Como eu expliquei no meu primeiro post, o meu sonho era poder criar soluções para o mercado de comunicação que fossem criativas como a publicidade espera que elas sejam e acessíveis como as pessoas com deficiência gostariam que elas fossem.
Assim nasceu a Sondery. Uma consultoria para acessibilidade criativa.
Trabalhando e conhecendo gente de agências de publicidade eu aprendi que é possível fazer tudo — ou quase tudo — ser realidade. Sério. Com dinheiro e as pessoas certas, meu amigo, coisas incríveis acontecem. Sim, porque não é de boas intenções que protótipos são produzidos e testados, layouts e roteiros não aparecem do nada e fornecedores emitem notas fiscais. Mas o mercado está cheio de profissionais fodas, isso a gente sabe.
O que me incomodava era ver a disparidade abismal na qualidade de trabalho feito para produtos versus aquele feito para causas. Tudo bem que nos últimos anos isso mudou e até virou uma nova categoria de Cannes ironizada nesse vídeo, mas esse é um outro problema sério que merece um post só dele.
Volta pra vida de agência. Eu me perguntava como seria se toda essa disposição e criatividade fosse canalizada para pensar também em peças, filmes, ativações, soluções acessíveis? E repare só: TAMBÉM. TAMBÉM é um advérbio que “indica comparação e expressa condição de equivalência ou de similitude; da mesma forma”. Ou seja, as duas coisas podem acontecer ao mesmo tempo.
Imagina QUE LOUCO se as pessoas percebessem que acessibilidade e criatividade não são excludentes?
E mais ainda, perceber que quando o assunto é esse ou existe a participação de pessoas com deficiência em um filme, não necessariamente quer dizer que a produção precisa ser tosca. A gente pode usar o mesmo equipamento de filmagem, efeitos de edição e finalização que usamos em mega produções.
E foi aí que um dia eu vi a campanha do Channel 4, do Reino Unido, para as Paralimpíadas de 2012 em Londres: Meet the Superhumans.
90 segundos de pura história. Altíssima qualidade de produção. ESSA TRILHA SONORA. Todos os cortes. Slow motion. Ângulos e luzes. O roteiro que mistura a potência física e ainda cria o vínculo emocional. ESSA TRILHA SONORA (2).
Esse filme foi lançado simultaneamente em 78 canais de TV no horário nobre do dia 17 de julho de 2012. Outros formatos deram continuidade à campanha que atingiu o seu objetivo: foi a primeira vez na história que os ingressos dos jogos paralímpicos ESGOTARAM. (Fonte)
Como se não bastasse ainda veicularam esse 30 segundos depois da cerimônia de encerramento dos jogos olímpicos: Thanks for the warm-up.
Fala sério. ❤
Foi aí que percebi que a publicidade pode sim ter uma responsabilidade social pois ela tem o poder e a capacidade pra isso. Você redator tem o poder pra isso. Você planejamento tem o poder pra isso. Produção, mídia, diretores, vocês tem o poder pra isso. Eu tenho o poder pra isso. E agora, a Sondery vai servir para pôr isso em prática.
Por isso, a partir de hoje, aqui será um canal para dividir com vocês esse processo assustador e maravilhoso de empreender. Além de sempre contar com opiniões, descobertas e — porque não — um ou outro capítulo-diário dessa vida em contato com acessibilidade.