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Acessibilidade na comunicação: abra as portas para os consumidores com deficiência

Há uma chave na fechadura de uma porta de madeira semi-aberta, o fundo desfocado é verde e ensolarado.

3 de dezembro é comemorado o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, segundo a OMS são 1 bilhão de pessoas no mundo, e só no Brasil são mais de 40 milhões, de acordo com o IBGE. Será que sua marca, seu produto ou seu serviço, está olhando pra essa parcela de consumidores em potencial?

Há algumas décadas atrás, via de regra, as marcas só trabalhavam com algo relacionado a pessoas com deficiência em cases para prêmios ou campanhas muito pontuais. Nos últimos anos temos observado, finalmente, o movimento de “acordar para a diversidade” que já está bem mais familiarizado com os recortes de raça, gênero e orientação sexual, mas que ainda não contempla, com a potência necessária, a pessoa com deficiência. É preciso reconhecer e abraçar essa “minoria” da mesma forma que abraçamos as outras, até porque ela é de fato transversal a todos os grupos, podemos encontrar por exemplo uma mulher surda negra trans bissexual.

Felizmente já temos alguns exemplos muito bacanas de campanhas abordando a inclusão e inserindo uma diversidade no casting – ainda que essas incursões se mantenham pontuais e, frequentemente acabem resvalando numa abordagem capacitista e estereotipada da pessoa com deficiência (ora o coitadinho, ora o super herói – mesmo que sutilmente) – mas a grande virada de chave ainda não aconteceu. Parece que falta pouco, está prestes a ocorrer, talvez a chave até já esteja na fechadura, mas precisamos juntos fazer esse movimento e abrir essa porta para um novo público que anseia por reconhecimento pleno.

Mas o que será que impede ou atrasa esse movimento?

A primeira barreira é o desconhecimento. Ao definir o seu público alvo, muitas vezes a marca não se dá conta de que existem pessoas com deficiência dentro do seu recorte ou segmentação. Depois, a barreira atitudinal, a dificuldade de aceitar que é preciso mudar processos dentro da empresa, se adequar para atender a este público, deixar as suas campanhas, produtos e pontos de venda acessíveis sem achar que os recursos usados para isso “atrapalham” o resto do público.

O caminho para uma marca quebrar estas barreiras internas pode ser lento, custoso e às vezes até burocrático. Porém, ao perceber que isso aumenta o seu público potencial, que pensar em acessibilidade no início do processo é mais barato do que pensar só no fim, que é interessante que sua empresa siga a legislação brasileira, que muitas vezes as adaptações podem ser boas para todos os consumidores  —  com e sem deficiência –  estabelece-se uma relação ganha-ganha: o pessoa com deficiência se sente mais representada, empoderada, e a marca, por sua vez, além dos benefícios citados, constrói reputação (que certamente pode vir a impactar a conversão).

Questão de prioridades: acessibilidade como investimento, e não custo

O Design Universal — conceito cunhado por Ronald L. Mace (1985)  — sustenta a ideia de projetar (ou no inglês, to design) produtos, serviços, ambientes e interfaces que possam ser usadas pelo maior número possível de pessoas, independentemente de suas capacidades físico-motoras, idade ou habilidades. Mais do que um conceito, o design universal deve ser encarado como um processo a ser adotado em todas as etapas de desenvolvimento de um projeto.

Vale destacar a importância de envolver nesse mesmo processo, não apenas profissionais especializados em acessibilidade, mas também pessoas com deficiência. A melhor maneira de fazer acessibilidade do jeito certo é trabalhar junto das pessoas que irão utilizar os seus recursos.

É aí que a chave vira. O pensamento da inclusão e da acessibilidade deve ser parte do processo e, portanto, estar contemplado desde o início.

O que acontece na maioria das vezes é que a acessibilidade aparece (quando aparece) no fim do caminho. Chega depois da campanha pronta, da peça fechada, depois do filme gravado e editado ou do aplicativo programado. Aí toca voltar e refazer, ou dar um jeitinho aqui e ali para coroar com um “e ainda por cima, é acessível!”.

Tendo isso em vista, fica o questionamento para os profissionais do mercado, sejam dos clientes ou das agências: o que você está esperando para destrancar essa porta?

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